sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Setor alcooleiro atua discreto na campanha em Ribeirão Preto

Ações de apoio são restritas a reuniões e conversas informais entre empresários e políticos

O poderoso setor sucroalcooleiro atua com discrição na campanha eleitoral para prefeito de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, cidade-pólo do principal centro produtor de açúcar e álcool do País. As ações de apoio são restritas a reuniões e conversas informais entre empresários e políticos, sempre por iniciativa dos que buscam os votos.

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), que mantém um escritório na cidade, avisou aos candidatos, antes da corrida eleitoral, que as possíveis ajudas financeiras seriam individuais, ao contrário dos pleitos estaduais e federais, nos quais a entidade atua com apoio a determinados concorrentes.

Mesmo sem apoio formal, empresários do setor sinalizam ao menos uma aproximação à candidata Dárcy Vera (DEM), da Coligação Ribeirão Para Todos (DEM-PMDB-PMN-PSL-PV-PT do B-PSC-PR-PHS-PTN-PRTB-PPS-PRB), justamente pela posição confortável da deputada estadual na última pesquisa eleitoral Ibope/EPTV, divulgada no fim de agosto. À época, Dárcy tinha 65% das intenções de voto e venceria no primeiro turno.

"As pesquisas mostram que há uma grande chance de a Dárcy Vera ganhar. Particularmente, acho que nós temos de instrumentalizar para dar suporte a ela, como demos para o (Welson) Gasparini e o (Antonio) Palocci", disse o usineiro Maurílio Biagi Filho, presidente da Maubisa e um dos poucos no setor que falam abertamente de política.

Biagi foi um dos responsáveis, em 2002, pela aproximação entre o setor sucroalcooleiro e o então candidato e atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. Como recompensa, ganhou uma vaga no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).

Biagi nega que tenha contribuído financeiramente na campanha atual, mas admite que um grupo de empresários, entre eles seu filho Roberto Biagi, ofereceu ao atual prefeito Welson Gasparini (PSDB), candidato à reeleição pela Coligação Progresso e Modernidade (PSDB-PP-PSB-PTC-PSDC), a contratação do consultor Vicente Falconi, famoso pelo projeto de choque de gestão em Minas Gerais. "Essa é a contribuição que podemos dar, inclusive para o próximo prefeito, já que Ribeirão Preto precisa de ações firmes de gestão", concluiu Biagi, que viajará no dia 5, data do primeiro turno das eleições municipais.

Até então preferido dos usineiros, Gasparini perdeu força com a disparada de Dárcy e com ações pontuais que desagradaram aos empresários. Em recente votação na Câmara Municipal, os dois principais vereadores tucanos, Nicanor Lopes e Silvana Resende, votaram a favor do projeto, rejeitado no plenário, que previa o fim das queimadas no município. "O Gasparini mostrou que não consegue sequer controlar sua bancada", disse uma fonte ligada aos empresários.

Por outro lado, a candidata dos DEM optou pelo diálogo e sinaliza um pacto com os empresários do setor, caso seja eleita. Há cerca de um mês, por intermédio do ex-vereador Paulo Saquy, um dos seus escudeiros na campanha, Dárcy teve um encontro com representantes da família Balbo, na Usina Santo Antônio, na vizinha Sertãozinho, em busca de projetos e apoio caso seja eleita. Negociou ainda um encontro com o empresário Pedro Biagi, na Usina da Pedra, na também vizinha Serrana, mas a reta final da campanha impediu a reunião.

"A Darcy me pediu para conhecer o setor, já que a cidade é citada no Brasil inteiro como o centro desse pólo produtor. Ela acha que o município de Ribeirão Preto deva seguir liderando isso", afirmou Saquy, que, por ser fornecedor de cana para a Usina Santo Antonio, indicou a indústria à candidata. "Não houve pedido financeiro, apenas sugestões para a campanha", concluiu.

Também disputam a prefeitura de Ribeirão Preto os candidatos Daniel Lobo (PTB), Feres Sabino (PT), da Coligação Por uma Ribeirão Mais Saudável (PT-PRP), Mauro Inacio (PSTU), da Frente de Esquerda Classista e Socialista (PSTU-PCB), Rafael Silva (PDT), da Coligação Compromisso com a Verdade (PDT-PC do B), e Rubens Chioratto Junior (PSOL).

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